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sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

2017

Olho para ti de cabeça erguida, apesar de me tentares quebrar vezes sem conta. 
(Aqui estou eu.)
Havia muita coisa que te podia dizer mas a idade avança e, com ela, a minha paciência desaparece aos poucos, tornando-se num bem tão precioso que só a posso usar em casos excepcionais, e tu não mereces tanta honra. 
Desesperei, enlouqueci, até chorei. Quem diria? Foi uma longa jornada mas os meus joelhos ainda resistem, tremendo loucamente, ansiosos por caírem de vez.
Podia ter-te feito a vontade, oportunidades não faltaram, mas não quis escrever assim a minha história. Carrego nos ombros o peso do mundo, mas aqui entre nós, já não consigo viver sem esse peso extra. É uma parte de mim que levarei até ao fim.
Olho-te nos olhos apenas para dizer que sobrevivi. 
E isso, digo-te eu em jeito de segredo, já é muito.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Os meus amores

Olho para a minha secretária e vejo tudo o que me completa: um caderno, uma caneta, um whisky velho de 15 anos e o meu coração, o meu objecto de estudo predilecto. Passo horas a fio a apertá-lo com as minhas próprias mãos, sentindo o sangue escorrer do meu corpo para a secretária. 
Este vício a que chamo prazer proibido controla todo o meu ser, nunca estou saciada. 
Desejo secretamente que ele rebente e desapareça de vez mas, para minha grande surpresa, ele sobrevive a todas as crueldades que faço. 
Prego aos sete ventos que o cansaço se apoderou de mim, mas o meu coração conta outra história.
(Eu vivo, eu luto por viver.) 
Os meus amores são o combustível da minha essência. Olho para o caderno, outrora vazio: o sangue transfigurou-se em texto, não existem mais espaços vazios para eu escrever. Olho para o tecto, esperando uma resposta que não irei receber. 
Devo começar a escrever no meu próprio coração?

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Folhas Caídas

O outono chega, as folhas caem. .
A minha alma despe-se daquilo que não deveria lá estar, deixando-me oca, como um livro belo sem conteúdo algum.
Oxalá a chuva do inverno chegue depressa para preencher todo esse espaço que se recusa a ser ocupado.
Teimoso, impossível, incontrolável.
Estarei ainda a falar do meu vazio ou daquilo que bebo incessantemente?
Imploro para que o álcool me faça sentir algo.
Eu quero sentir, eu quero transbordar de emoções!
Mas, sempre que tento, as folhas caem.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Amor de perdição

Mais uma vez, encontro-me sozinha. Tenho pessoas à minha volta, sem dúvida, mas o meu cérebro não se consegue ligar com nada nem ninguém. Talvez a solução seja reiniciá-lo, começar tudo de novo. Será que ao fazê-lo me lembrarei de ti? Desvanecerás da minha memória enquanto busco incessantemente por um porto de abrigo? Queria acreditar que sim. A lembrança do teu ser queima-me, mas mantém-me viva. Não imagino um mundo sem a tua imagem porque, sem ti, não existe vida. O meu coração não conseguiria lidar com a tua ausência: como iria eu respirar se não tivesse motivos para o fazer?
Amo-te, e odeio-me por isso.
És o meu maior pesadelo e o meu sonho tornado realidade.
Desejo tanto o teu toque que perco noites inteiras. perdida nesse sentimento agridoce. Por muito que tente ignorar os meus instintos, eles nunca me abandonam.
És a minha salvação, ou a minha perdição?

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Jornada para o desconhecido

Procuro uma saída,
A minha mente é um tormento,
Mas não consigo fazê-lo.
Enjaulada, sou incapaz:
De agir, de escapar,
De enfrentar os meus medos.
Esta cela está a diminuir,
Sinto o ar ficar mais pesado,
Ao mesmo tempo que me perco.
O silêncio morre dentro de mim,
Tenho consciência do que se passa,
Estou a destruir-me.
Conscientemente,
Iludo-me,
Atiro a culpa para o desconhecido,
É mais fácil fugir. 

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Doce ilusão

Sozinha na multidão, procuro o teu olhar. Nunca te irei dizer isto, mas anseio pelo momento em que os teus olhos se cruzem com os meus, para que vejas o meu interior macabro, cruel e frio. Sei que nunca irá acontecer, não me vou iludir com coisas tão banais, mas não consigo deixar de imaginar como seria o momento em que desses pela minha presença. Será que criaria alguma fractura no mundo? 
Tremores de terra, tsunamis, ciclones. 
Na minha doce ilusão o mundo sofria horrores com o nosso breve encontro: quanto maior a desgraça, maior o nosso prazer. 
Rios de sangue escorrendo pelo chão enquanto as nossas mãos se encontram num doce toque pela primeira vez...
Pedaços de corpos esmagados pelos nossos passos calmos, mas fortes...
Podes julgar-me por ser uma rapariga com sonhos num mundo louco como este?

quarta-feira, 31 de maio de 2017

Entranhas

Arranquem-me as entranhas deste estranho corpo a que chamo meu: deixem-nas espalhadas pelo chão para que permaneçam eternamente na imundice do mundo.

(Que prazer sonhar com o impossível...)

Algum dia irão cessar estes pensamentos divinos?

A minha mente prega-me partidas, já não sei se respiro ar ou terra e farelos daquilo que em tempos foram os meus ossos.

(Estarei a sonhar com o impossível ou a viver esta realidade tosca e inútil?)

Sinto o ar faltar quando tento descobrir a resposta, julgo que estou a enlouquecer.

A tinta da caneta falha, tal como as batidas do meu coração.

(Ouço gritos na minha mente enquanto o mundo está calado)

Quem sou? O que fui? O que serei? 

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Pedaços

Sinto o peso do mundo no interior do meu fraco e minúsculo coração. Anseio pelas lágrimas que não querem correr pelo meu rosto, talvez até elas sintam vergonha de me tocar.
A vida não é nada daquilo que me prometeram quando era mais nova. Sou uma adulta presa em memórias do passado, cativeira de momentos que vivi quando ainda não conhecia a complexidade dos sentimentos.
Sou um pedaço atualmente: de quê, nem eu sei. De todas as partes de mim que se destruíram, só consegui pegar neste mísero pedaço. 
Desespero, mas por fora a minha face transparece tranquilidade e paz. Por dentro, sou o centro do Inferno e o próprio diabo.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Agonia

Chegou a hora do confronto final mas sinto que estive aqui antes. Procuro ganhar forças para te enfrentar mas nem me consigo levantar.
Oh, que agonia!
Esperas pacientemente, ao menor movimento atacarás sem dúvida nenhuma. Continuo sem forças, no entanto, não sinto medo.
Que doce agonia...
Continuo a sentir que já aqui caminhei, tudo me é tão familiar: dá-me alguma luz para que consiga ver se estou certa.
Oh não, não, não...
Perdi o meu único raio de luz, talvez esteja cega. Neste mundo cruel, perder a vida é uma benção ou uma maldição?
Agonia, apodera-te de mim...
Aos poucos deixo de ouvir a tua respiração. Estarei a sumir-me ou estou a matar-te com estes pensamentos tenebrosos? Não desapareças agora, preciso de ti.
Agonia, este é o meu nome...

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Cativeiro

Estou em cativeiro. Não percebes que sou um animal selvagem que não pode ser capturado e enjaulado para teu bem próprio? Mais cedo ou mais tarde vou atacar-te, desmembrar-te, matar-te.
Talvez seja isso que queiras.
Julgas que conheces as minhas fraquezas e que consegues brincar com elas de maneira a que fique mansa e submissa. Oxalá conseguisses vislumbrar a tua estupidez mas o teu problema é mesmo esse, não consegues ver: estou a atacar-te sem mexer um músculo. 
Vais quebrar mais cedo do que quero. 
Insultas-me como se eu ouvisse, agrides-me como se eu me importasse. A dor em nada me afecta, serei sempre mais forte do que tu. Tenho a força de uma fénix e a paciência de um leão.
Percebes onde quero chegar?
Enquanto te julgas rei do mundo eu destruo a tua existência que sempre foi inútil mas, curiosamente, nem a morte te quer. 

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Rezas

Encontro-me de joelhos neste chão frio, rezando a qualquer deus que me ouça, não porque acredito nisso mas porque me encontro completamente desesperada.
Acredito que ninguém me ouve neste salão escuro, coberto pelo que julgo serem espíritos, mas na verdade são apenas reflexos do meu tormento. Se estou tão consciente do que se passa, porque continuo a rezar?
Leva por favor o meu desalento, a minha vontade de viver neste mundo já passou do prazo. deus que não me ouves, porque me fazes crer que mereço uma humilhação tão intima? 
Talvez existas.E o teu grande objectivo é ver-me rastejar, como um insecto que é pisado, ignorado e abandonado. 
Abomino a ideia de que existas, odeio-me por haver uma parte de mim que acredita nisso. Serei um peão no teu jogo macabro de sofrimento sem fim? Serei alguém com um propósito maior? Questiono-me enquanto sinto os meus joelhos a fraquejar, porém não me deixas levantar. Ambicionas que seja para sempre submissa deste poder que nunca irei combater. Deixo-me vencer, pois há muito que não sei batalhar pelas minhas próprias causas.
Deixo-me cair, enfim, em paz.